segunda-feira, 16 de maio de 2011

PINK REVIEW: Batman Anual # 3 (ou como poderia se chamar esse post "as muitas origens do Coringa")

Capa horrorosa do encadernado

Esse review demorou um pouco. Afinal, Batman Anual 3 foi lançada há 01 mês e só agora vou falar dela. MÁ peraí! Vocês não estavam aguardando esse review? Então é claro que ele não atrasou! S-U-R-P-R-I-S-E!
Para comerçar, devo dizer que fiquei com vários pés atrás com a edição na banca. Primeiro: O subtítulo da bagaça: "A Sangrenta Origem do Coringa". Ei! Quem leu A Piada Mortal, viu que não há sangue algum na origem do Coringa. Então, como isso poderia ser possível? Segundo: Que capa horrorosa. Se alguém tivesse que comprar a revista pela capa, provavelmente seria um encalhe. Terceiro: Está estampado bem grande... " do roteirista do seriado HEROES!". Era para eu me animar?

Batman Anual 3 é um encadernado que reúne as edições americanas de Batman Confidential 7 a 12, com a história Batman: Amantes & Loucos. Com roteiros de Michael Green (o mesmo que cometeu aquela insanidade chamada HEROES - "ei, seu cuzão, a primeira temporada foi boa!") e desenhos de Denys Cowan, Batman Anual 3 reconta a origem de um dos principais vilões do UDC e principal antagonista do Batman: o Coringa! E posso dizer de ante-mão que ele foi bem sucedido nessa reinvenção do personagem.

Reinvenção sim. Esqueçam o Coringa e sua origem de A Piada Mortal, magistralmente narrada por Alan Moore e Brian Bolland. Esqueçam o primeiro confronto competentemente trazido a nós pelos fantásticos Ed Brubaker e Doug Mahnke, em O Homem que Ri. E por fim... ignorem Asilo Arkham, escrito pelo deus do Bugman, Grant Morrison e ilustrado por Dave McKean. Batman: Amantes & Loucos, bate essas três histórias no liquidificador e cria uma massa que antes de assar é feia e fedorenta. Mas depois que sai do forno, é bem saborosa!

Essa sim deveria ser a capa da edição!

O Coringa de Michal Green é sádico desde o início, antes mesmo de se tornar o Coringa - ainda como "Jack". Diferente do loser criado por Moore, aqui, temos alguém frio, calculista, sádico, que sabe atirar bem e que não é nenhum zero à esquerda em luta. Alguém bem mais palatável quando se pensa no Coringa, alguém que poderia desafiar mente e físico do homem-morcego. Aqui não temos um tempo entre a "transformação" de "Jack" em Coringa e o primeiro confronto entre ele e o Batman. O confronto se dá logo de cara. "Jack" nunca usou a máscara do Capuz Vermelho. Aqui, ele não existe. Aliás, em Batman: Amantes & Loucos, não há um vilão mascarado. Ainda não existem Pinguim, Charada, Hera Venenosa, Espantalho. Até então, em Gotham só há ladrões e assaltantes, traficantes e a máfia. Nada de aberrações como as que viriam povoar a cidade futuramente. O Coringa aqui é para os vilões de Gotham, como o Superman é para os heróis da DC Comics: a inspiração.

E Michael Green constrói esse personagem tão bem que esquecemos um pouco do Batman. O Batman é coadjuvante. Um coadjuvante de luxo, em início de carreira, que tenta entender como alguém pode agir como esse novo inimigo. TODA a história é bem contada. Os furos mínimos que aqui acontecem não chegam a atrapalhar o roteiro. Até o interesse romântico de Bruce Wayne tem um propósito e serve para definir qual máscara ele realmente adotaria: a do playboy milinário ou a do cavaleiro das trevas. Michael Green se redime das histórias bobinhas criadas anteriormente para o UDC.


Mas se o roteiro é um ingrediente que deixa a massa saborosa, a arte faz de Batman: Amantes & Loucos feia e fedorenta. A arte suja de Cowan às vezes deixa confuso o leitor. E talvez até o próprio artista que em várias páginas desconhece o rumo da história e simplesmente põe quadros fora de ordem. Você chega a se perguntar: "o Coringa não estava submerso? Como ele está levando esse tiro agora?" ou "o Coringa não está preso na parede? Como ele está caindo do telhado? E como agora ele está lutando com o Batman? E como ele está caindo de novo?" Então a arte é uma droga? Não mesmo. Há momentos inspiradores: detalhe para as fantásticas páginas 67 e 101 e algumas outras que mostram como o Coringa é assustador e insano. Cowan realmente caprichou em algumas delas e simplesmente cagou em outras.

Detalhe para a participação especial do Dr Jonathan Crane (na história para recriar o Asilo Arkham) e sua análise perfeita do Coringa (p. 64-65):

Batman: (...) Como posso ficar à frente dele [do Coringa]?
Crane: Ora seu homem tolo de roupa tola. Não pode. Não pode subjulguar ou suprimir a insanidade. Não pode compreendê-la. Não pode dosá-la com a lógica, colocá-la numa caixa, rotulá-la e deixar o mundo seguro de novo. (...) Batman: Ele é apenas um criminoso. Crane: Apenas? Oh, não. (...) Não é um criminoso. Isso não é crime. É maldade.

Batman Anual 3 foi lançada em abril/2011 pela Panini, custa R$ 15,90, tem 148 páginas em papel jornal e vale a pena ser lida e colocada ao lado das obras citadas acima. Não há porque compará-las. Michael Green sabia que isso seria um tiro no pé e ao criar um origem totalmente diferente para o Coringa ele fugiria das comparações. Eleja a melhor. Mas fique com as duas, porque uma boa história não se pode deixar passar.

3 comentários:

Super disse...

Comprarei se um dia esbarrar nele num sebo.

Anônimo disse...

Quando crescer quero fazer reviews assim, NS! Excelente post. Tá contratado! Kkkkkkkkkk

Eduardo disse...

MODE Sheldon ON: Sarcasm! MODE Shelodn OFF